Vicente de carvalho
Dizia a flor tonta de terror.
E a fonte sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
Deixa-me, deixa-me fonte"
Dizia a flor a chorar.
"Eu fui nascida no monte".
Não me leves para o mar.
E a fonte rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria, levando a flor.
Ai balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu.
"Ai claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu..."
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte sonora e fria,
Rolava , levando a flor.
Adeus sombras das ramadas,
Cantigas do rouxinol,
"Ai festas das madrugadas,
"Doçuras do pôr-do-sol.
Carícias das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte não me leves,
Não me leves para o mar.
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor.
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