Até uns cinquenta anos atrás na comunidade de Burgos, onde nasci,existiam poucas casas.
Árvores enormes cercavam nossas moradias. Quase todas, eram frutíferas. Eu penso que povos muito antigos viveram lá e plantaram tudo isso. São dezenas e dezenas de tipos de frutas que tinham naquela região e algumas somente lá outras já foram extintas, como: a tanja, murta,marajá outra que chamávamos de joana me chama e até o tucunzeiro.
Falando das árvores maiores, tínhamos: laranjeiras,pequizeiros,pés de tangerina, bacurizeiros, bananeiras,jaqueiras, juçareiras, bacabeiras,buritizeiros, cajueiros,goiabeiras, mangueiras, cacaueiros,pitombeiras,abacateiros,maracujazeiros e outros que agora nem me lembro.
Entre todas essas árvores, que ajudaram muito na nossa alimentação, quero destacar quatro delas: a Andirobeira, a Juçareira, a Mangueira e a Palmeira de Babaçu. Vale relembrar que nenhuma delas foi plantada pela nossa geração.
Dois rios de água doce atravessavam nossa vila. O rio Pernambucano e o Ribeirão.
Voltando a falar das quatro árvores acima destacadas, vou especificar como cada uma delas ajudou na nossa vida.
A Andirobeira, produz a andiroba. As pessoas, especialmente as mulheres, iam juntá-las. Depois as cozinhavam em grandes latões e ficavam por uns dias ao ar livre para esfriar.
Depois eram feitos os serões onde as mulheres se reuniam para retirar-lhe a massa e era uma alegria só . Muita conversa e estórias. Depois de dias era retirado o azeite e vendido a fim de se transformar em sabão. Hoje essa prática parece não existir mais.
A Juçareira ,que é óbvio, produz a juçara, chamada em outros lugares de Açaí, que nos servia de almoço e janta no tempo de sua colheita.
As Mangueiras davam tanta manga que servia também de alimento para porcos e cavalos, comuns naquele tempo.
A Palmeira de Babaçu, produzia muito. As mulheres iam juntá-los e quebrá-los individualmente ou em grupo. Depois os vendiam ali mesmo nas quitandas.
Hoje, as novas gerações vivem outra realidade. Seus avós ou pais são aposentados e os jovens estão até cursando o ensino superior. Muitos estão saindo de lá em busca de trabalho formal.
O meu pesar é que estão acabando com o sonho desse trabalho com carteira assinada. Mas prevejo raios de luz, de esperança e de certeza, pois " O Show não pode parar." Vamos à Luta "! Navegar é Preciso"!
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