2ª Parte
Outrora a aprendizagem dos conteúdos programáticos nas escolas era feita à base da decoração. Eu decorei a tabuada, as classes gramaticais das palavras, as conjugações verbais e até lá pelo quinto ano primário, se a memória não me falha, os ensinamentos do segundo catecismo da doutrina cristã. Eram perguntas e respostas, como:
Pergunta: És cristão?
Resposta: Sim, sou cristão pela graça de Deus.
Pergunta: Qual é o verdadeiro cristão?
Resposta: É aquele que é batizado, crê e professa a doutrina e a lei de Jesus Cristo.
Pergunta: Como o homem se faz cristão?
Resposta: Pelo batismo.
Pergunta: Qual é o sinal do cristão?
Resposta: É o sinal da cruz.
E daí por diante. Hoje, não precisamos tanto decorar, mas entender, refletindo sobre o que nos é ensinado. Por isso me apaixonei por muitos textos bíblicos.
Assim como há alguns anos, era capaz de datilografar e conversar enquanto acontecia esse processo, posso, enquanto alguma coisa está sendo explicada, mesmo aparentemente desligada, está inteirada do assunto que está sendo refletido. Não é nada de extraordinário, é apenas prática.
Na meditação sobre os discípulos de Emaús, me coloco naquela caminhada. Entendo aquela perplexidade. Porém, agora, com a convicção de que alguém anda conosco: Emanuel.
Essa passagem do evangelho é belíssima! E como eu desejaria que as pessoas assumissem esta lição que o Senhor trouxe para nós: caminhar com quem está a caminho; o solidarizar-se com quem está precisando; o encorajar através do ensinamento (Cf. Lc; 24, 26-27); a preocupação com a segurança do irmão: "fica conosco, já é tarde e já declina o dia." (Lc 24, 29c) e consequentemente a acolhida: "entrou então com eles" (Lc. 24, 29c) principalmente para quem afirma ser cristão.
Infelizmente muitos, ao invés de acolher seus semelhantes, o entregam a própria sorte. Neste caso veiculados pelos meios de comunicação à própria morte. Vamos relembrar dois exemplos mais recentes: dois irmãos adolescentes que sofriam maus tratos e ameaças de morte em sua própria casa foram tentar ajuda em uma instituição que tem missão, segundo a notícia, proteger as pessoas. Mas ninguém, mesmo tendo espaço, protegeu esses meninos. E ao voltarem para casa, foram barbaramente assassinados. Outro adolescente, órfão de mãe foi também sozinho pedir socorro em outra instituição para pedir o direito viver por correr risco de morte onde morava. Gente da comunidade o conheciam e sabiam a que violência essa criança era submetida. Mas também não teve apoio e sozinho foi cruelmente assassinado. Será que essas pessoas que por omissão se tornaram cúmplices desses assassinatos, conseguem colocar suas cabeças no travesseiro e dormir tranquilos? Que horror!
Naqueles meninos mortos covardemente, mataram também o Cristo a que dizem tanto amar. (Cf.Mt. 18,5); (Mc.9, 37)
A vida não termina com o nascimento da criança. Ela deve ser preservada do seio materno ao seio da mãe terra ao final natural de sua existência.