III Capítulo
Dando continuidade à minha história em Fortaleza onde residi por vinte e oito anos, concluí o curso superior, fiz pós-graduação, trabalhei, participei de lutas, de congressos de minha categoria em outros estados como na UNICAMP em Campinas São Paulo e Olinda em Pernambuco, o que ampliou muito minha competência pessoal e profissional. Foi lá também que nasceram os meus filhos. Foi de lá que vim com outras pessoas a Brasília, no tempo da constituinte,trazer reivindicações em prol das mulheres deste nosso país.
No período de tempo em que vivi no Ceará, posso afirmar que esse estado esteve na vanguarda das lutas políticas no Brasil. Nós, trabalhadores ou não, contávamos com o apoio de pessoas, organizações sociais, religiosas e políticas. Algumas com posições de destaque, prestígio e privilégio, mas que jamais abandonaram o povo. Quero citar aqui Dom Aloísio Lorscheider,cardeal e arcebispo de Fortaleza que sucedeu a Dom José de Medeiros Delgado, que antes fora arcebispo de São Luís do Maranhão.
Dom Aloísio trouxe novo vigor a igreja e a todo povo cearense.
Pela semana santa, a cerimônia do lava-pés ele a realizava no IPPS ( Instituto Penal Paulo Sarasate). Talvez, também por isso, tenha sido sequestrado juntamente com um grupo de pessoas que o acompanhavam em missão nesse presídio.
Quero lembrar ainda que na primeira greve de fome, citada no primeiro capítulo deste livro, foi com o seu apoio que tivemos um bom lugar para a nossa recuperação. Ele pôs em prática o que está escrito na carta aos filipenses:
"Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo,assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens."
(Fil.2,5-7).